Recomendações Básicas de Projeto para Transportadores – Módulo de Acionamento e Retorno

O módulo de acionamento é um dos elementos mais críticos no desempenho de transportadores com esteiras modulares ou correntes transportadoras. Responsável por garantir o movimento contínuo, estável e confiável da esteira, esse módulo precisa ser projetado com precisão para assegurar a tração correta e prevenir falhas prematuras no sistema.

Tipos de Acionamento: Na prática, dois tipos principais de acionamento são utilizados em sistemas da Bellt:

• Acionamento Convencional (Cabeceira): É o modelo mais utilizado, por ser simples, econômico e de fácil manutenção. Posicionado na extremidade do transportador, proporciona tração direta no ponto de partida da esteira. É ideal para aplicações em linha reta e com espaço disponível para o motor.

• Acionamento por Eixo Central: Recomendado para aplicações que exigem movimentação bidirecional ou uso de nosebars (barras de contorno) para transferências. Ao distribuir melhor o esforço de tração ao longo da esteira, esse tipo de acionamento é ideal para transportadores longos ou com cargas elevadas, minimizando tensões nos elos.

Formação da Catenária: A catenária é uma característica inerente aos transportadores de corrente, atuando como um tensionador natural do sistema. Ela permite acomodar o alongamento da corrente com o uso e equilibra as tensões entre as extremidades motriz e de retorno. A catenária deve ter espaço livre para flutuar naturalmente durante a operação. Em caso de alongamento excessivo da corrente, é possível remover elos para restaurar a flecha original.

Quando não é possível formar a catenária: Sistemas do tipo “Z” ou com espaço restrito podem não permitir a formação adequada. Nesses casos, utiliza-se um esticador — um dispositivo de tensionamento com regulagem, podendo ser por molas, cilindros pneumáticos ou parafusos ajustáveis. O curso livre do esticador deve ser pelo menos 20% superior ao alongamento previsto da corrente.

Rodas Dentadas e Posicionamento: As correntes transportadoras estão sujeitas ao chamado efeito poligonal, gerando pequenas oscilações verticais. Para reduzir esse efeito e garantir uma transição suave entre a corrente e a roda dentada:

• O ponto mais alto da roda (topo dos dentes) nunca deve ultrapassar o nível da guia de retorno;
• A extremidade da guia de desgaste deve estar a 1 passo de distância do centro da roda dentada;
• Recomenda-se o uso de “unhas” ou rampas suavizadas nas extremidades das guias para reduzir ruído, impacto e desgaste;
• Fórmulas práticas para o posicionamento das Rodas:
  • A (altura vertical) = (Dp/2) ± E
  • C (distância da roda à guia) = 1 passo
  • E (distância do centro do pino à base da corrente, ou ponto de contato entre a corrente e o perfil de deslizamento) = consultar tabela no catálogo Bellt, conforme modelo (ex.: 3,6 mm para B-top 815, 8,4 mm para Série 500FL etc.)

Configuração das Guias no Acionamento: Em situações com baixa tensão de tração, a esteira pode deformar antes de engatar corretamente na roda dentada. Para evitar travamentos e desalinhamentos as guias de desgaste devem ser estendidas até o ponto de engrenamento, oferecendo suporte contínuo e reduzindo a flexibilidade excessiva da esteira.

Carretéis de Retorno: Os carretéis de retorno são uma alternativa às engrenagens de retorno em sistemas com correntes das séries B-top e B-flex. Fabricados em poliamida PA6 auto-lubrificante, são resistentes à corrosão e ideais para ambientes agressivos ou úmidos. Não devem ser usados com correntes do tipo TAB ou com base de rolos (necessitam sincronização). Em rotações superiores a 60 rpm, os carretéis devem ser montados em mancais com rolamentos para evitar aquecimento excessivo.

Conclusão: A eficiência de um transportador está diretamente ligada à precisão do seu módulo de acionamento e retorno. Desde o tipo de tração até o posicionamento das guias e rodas dentadas, cada detalhe influencia na durabilidade do sistema e na segurança da operação. A Bellt Correntes oferece suporte técnico completo para auxiliar na definição da melhor configuração, garantindo desempenho, confiabilidade e adaptação total à realidade da sua planta.