
Recomendações Básicas de Projeto para Transportadores – Acionamento, Retorno e Tensionamento de Esteiras Transportadoras
Recomendações Básicas de Projeto para Transportadores – Acionamento, Retorno e Tensionamento de Esteiras Transportadoras
A eficiência e a durabilidade de um sistema transportador dependem fortemente do correto dimensionamento e posicionamento dos seus principais elementos funcionais: o acionamento, o sistema de retorno e o tensionamento da esteira. Esses três componentes determinam o desempenho mecânico, o consumo energético, a segurança da operação e a vida útil dos componentes.
1. Acionamento da Esteira
O acionamento é o “coração” do transportador. Ele é responsável por transferir o torque necessário para movimentar a esteira, vencendo o atrito, o peso da corrente e da carga transportada.
Tipos de Acionamento:
Eixo Motriz Traseiro (mais comum): fácil manutenção, ideal para sistemas com catenária de retorno.
Eixo Motriz Dianteiro: utilizado quando o layout exige, porém exige cuidado com retorno e folga.
Acionamento Central: aplicado em sistemas longos, com duas direções ou com tensão distribuída.
Acionamento Duplo: utilizado quando o torque exigido ultrapassa a capacidade de um único motor ou para balanceamento de cargas em trechos extensos.
Boas práticas:
Posicionar o acionamento preferencialmente após curvas ou no trecho mais carregado.
Considerar a folga da corrente e o espaço necessário para catenária ao definir o posicionamento.
Assegurar alinhamento correto entre motor, engrenagens e eixo.
2. Retorno da Esteira
O retorno da esteira é a parte inferior do transportador, onde a corrente ou esteira retorna ao ponto inicial. Embora muitas vezes negligenciado, o retorno exerce papel essencial no tensionamento natural (catenária), na estabilidade e na redução do desgaste.
Formas de retorno:
Retorno com Catenária Livre: mais simples, utiliza o próprio peso da corrente para criar tensão. Requer espaço entre o eixo e o primeiro apoio.
Guias de Retorno com Calha “U” ou Perfis Deslizantes: solução econômica para sistemas leves.
Retorno com Roletes Livres: reduz atrito e ruído, ideal para cargas mais pesadas ou ambientes abrasivos.
Perfis tipo Serpentina (contínuos): recomendados para esteiras LBP ou aplicações com alta exigência de higiene.
Recomendações:
Deixar espaço livre de 450 a 600 mm entre o eixo motriz e o primeiro apoio para a formação da catenária.
Evitar superfícies de contato que provoquem atrito excessivo ou desalinhamento.
Usar roletes com diâmetro adequado (mínimo 2x o raio inferior da corrente).
3. Tensionamento da Esteira
O tensionamento adequado garante a estabilidade da corrente e evita falhas por excesso de folga ou tração. O tipo de tensão necessário depende do comprimento da esteira, das variações térmicas e do regime de trabalho (contínuo ou intermitente).
Formas de tensionamento:
Catenária: método passivo, ideal para sistemas curtos e médios com layout simples.
Tensionadores Mecânicos: utilizam parafusos ou molas para ajustar a posição do eixo traseiro.
Contra-peso: sistema autocompensador, utilizado em layouts verticais ou com grandes variações de carga.
Molas Industriais: permitem ajuste automático conforme dilatação térmica ou variações de carga.
Boas práticas:
Evitar tensionamento excessivo, que pode causar alongamento ou quebra da esteira.
Garantir acesso fácil aos pontos de ajuste e manutenção.
Prever espaço suficiente na estrutura para deslocamento dos componentes móveis.
Conclusão:
A estrutura funcional de um transportador — acionamento, retorno e tensionamento — é responsável pelo equilíbrio mecânico e pela confiabilidade do sistema. Ao considerar cuidadosamente esses três elementos desde a fase de projeto, é possível reduzir desgastes, aumentar a vida útil dos componentes, economizar energia e garantir o bom funcionamento da esteira em regime contínuo.