
Recomendações Básicas de Projeto para Transportadores – Estrutura do Transportador – Séries B-top e B-flex
Recomendações Básicas de Projeto para Transportadores – Estrutura do Transportador – Séries B-top e B-flex
A estrutura correta é essencial para garantir o desempenho e a durabilidade dos sistemas de transporte com correntes das séries B-top e B-flex da Bellt. Este artigo apresenta recomendações práticas de projeto divididas em quatro partes: considerações do layout, forma construtiva das vias de transporte, forma construtiva das vias de retorno e forma construtiva dos trechos curvos.
1. Considerações de Layout
O modelo mais básico de transportador é o reto, com uma única unidade de acionamento e correntes da série B-top (512, 815, 820, etc.). É indicado para deslocamentos simples em linha reta. Já quando o layout exige mudanças de direção, recomenda-se o uso de correntes da série B-flex (880T, 881T, 882T), que utilizam pistas curvas em UHMW para guiar a corrente.
A definição do comprimento máximo de cada trecho deve considerar o modelo da corrente, as condições de trabalho e as características do produto. De forma geral, recomenda-se:
- Correntes de aço inox, percurso reto: até 15 m a 80 m/min;
- Correntes plásticas, percurso reto: até 12 m a 80 m/min;
- Transportadores com curvas: até 12 m a 50 m/min.
Esses valores são referenciais e devem ser confirmados por cálculo técnico, comparando a tensão real com a tensão admissível da corrente. Além disso, o número e a posição das curvas influenciam diretamente na performance e na vida útil do sistema. Para garantir bom desempenho:
- Reduza ao máximo o número e o ângulo das curvas (máximo de 270º no mesmo sentido ou 180º em sentidos opostos);
- Posicione o acionamento no trecho mais distante da curva, sempre que possível;
- Deixe trechos retos mínimos de 500 mm após a curva e de 300 mm junto ao eixo traseiro, para permitir a formação adequada da catenária e o retorno da corrente.
2. Forma Construtiva das Vias de Transporte e Retorno (Percurso Reto)
A forma construtiva das vias de transporte e retorno deve ser definida conforme o modelo da corrente, o tipo de produto transportado e as condições ambientais da instalação. A escolha adequada das guias de desgaste é fundamental para garantir desempenho, alinhamento e durabilidade.
Vias de Transporte – Percurso Reto, Via Única e Múltiplas Vias
Em transportadores retos com via única, os perfis-guia devem ser rigidamente fixados à estrutura, assegurando estabilidade ao longo de todo o trajeto. A Bellt fornece perfis de deslizamento em diversas geometrias, com fornecimento em rolos de até 25 metros ou barras de 3 metros, conforme o modelo e a aplicação. A seleção da geometria e do material do perfil deve considerar o tipo de corrente utilizada, a carga transportada e o ambiente operacional.
Para aplicações com múltiplas vias, aplicam-se os mesmos princípios de fixação e alinhamento das vias únicas. Adicionalmente, deve-se manter um espaçamento entre correntes paralelas entre 2,5 mm e 5,5 mm, conforme o tipo de produto e o nível de segurança desejado. Essa folga é essencial para evitar interferências laterais e garantir o funcionamento contínuo e estável do sistema.
Vias de Retorno
A via de retorno da corrente exerce influência direta no comportamento da catenária, que atua como um tensionador natural do sistema. Uma catenária bem formada é essencial para compensar variações térmicas, alongamentos operacionais e desalinhamentos, além de reduzir picos de tensão e absorver vibrações — especialmente em aplicações com partidas e paradas frequentes.
Esse sistema elimina a necessidade de tensionadores ativos, simplifica o projeto e aumenta a durabilidade dos componentes. Para garantir sua eficácia, é fundamental reservar um espaço livre entre o eixo motriz e o primeiro ponto de apoio, normalmente entre 450 e 600 mm, permitindo a formação natural da curva descendente da corrente.
A eficiência da catenária está diretamente relacionada à forma construtiva da via de retorno, cujas principais configurações são:
- Calha “U” com guia deslizante: Solução simples e econômica, indicada para sistemas de baixa complexidade. O apoio deve se concentrar nas laterais da corrente (série B-top), com o primeiro ponto de contato posicionado entre 450 e 600 mm após o eixo de acionamento para garantir a formação da catenária.
- Perfil serpentina (guia contínua): Ideal para ambientes que exigem alta higiene e para uso com correntes LBP. Proporciona apoio contínuo com baixa vibração e facilidade de limpeza. As emendas entre os perfis devem ser suaves e bem alinhadas. Também exige recuo de 450 a 600 mm para a catenária.
- Roletes livres: Sistema robusto e de baixo atrito, recomendado para aplicações pesadas ou com foco em limpeza e redução de ruído. Os roletes devem girar livremente e ter diâmetro mínimo de 2× o raio da corrente.
Distância até o primeiro rolete (A): 450 a 600 mm
Espaçamento entre roletes (B): 500 a 750 mm
Altura (C): 75 a 130 mm
3. Pistas Curvas (Série B-flex)
As pistas curvas dos transportadores com correntes B-flex são fornecidas em dois modelos:
Sistema TAB (retenção mecânica): Utiliza travas laterais (tabs) para guiar a corrente ao longo da curva. As pistas são fabricadas em UHMW, com raios médios padrão de 200 mm, 500 mm ou 610 mm, e ângulos de 45º ou 90º. É fornecida como via única ou múltiplas vias.
Sistema Magnético (retenção por ímã): Utiliza ímãs embutidos nas pistas de UHMW, que atuam sobre pinos metálicos nas correntes plásticas ou sobre as placas metálicas nas correntes de aço inox. O raio padrão é 500 mm, com ângulos de 45º ou 90º. Também fornecida em via única ou múltiplas vias.
Ambos os sistemas oferecem excelente aproveitamento de espaço e são projetados conforme o modelo da corrente, raio, número de vias e ângulo de curva.
Cuidados nas áreas de transição dos trechos retos e curvos: Nas transições entre trechos retos e curvos, é essencial garantir uma mudança de direção suave para evitar impactos, ruídos e desgaste excessivo. Por isso, as pistas curvas da Bellt são projetadas com chanfros nas extremidades, permitindo o encaixe progressivo da corrente e preservando a integridade dos componentes, além de prolongar a vida útil do sistema transportador.
Patim de Retorno: Em trechos curvos, o uso de patins de retorno (guias inferiores) melhora o suporte da corrente no retorno, reduz o atrito e o desgaste, e aumenta a estabilidade operacional — especialmente em aplicações com alta carga ou uso contínuo. Esse componente é considerado um item especial de projeto e pode ser fornecido sob consulta à Bellt.
Conclusão
Seguir as recomendações de projeto para a estrutura dos transportadores é essencial para garantir um sistema eficiente, seguro e com baixa necessidade de manutenção. Cada elemento – do layout à via de retorno, das curvas ao patim – deve ser dimensionado com base nas características da corrente, do produto e do ambiente. A equipe da Bellt está pronta para auxiliar no desenvolvimento de soluções sob medida para cada aplicação industrial.